
Sobre a mesa, calado,imóvel, havia um vaso.Não era um vaso chinês, nem era nada artesanal, num era nem pintado. Era puro, só o barro. Um barro rústico, com algumas flores feias.. murchas... Não quis questionar-embora vontade não faltasse- o motivo pelo qual aquele vaso me olhava, olhava insistentemente.Nunca tive muito gosto pra vasos, na verdade, eu nunca sequer observei aquele vaso de barro em cima da mesa. Mas, era de muita
petulância, esparramado na minha mesa, com aquelas
florzinhas. Cinco
florzinhas.Eu lembro ter visto uma ou outra vez aquelas flores,
alí pela sala,
lírios cor-de-rosa, dava pra ver um quase morrendo entre seu
pendúculo e o vidro da mesa. Mas o vaso, eu nunca havia notado antes. Nunca.
Deveria ser só um
objeto, mas, nunca havia mexido tanto comigo a presença de um vaso. Juro que, desviava o rosto e tentava
direcionar minha atenção a qualquer outro espaço da casa, mas, aquele vaso me atraía fortemente com aquele olhar misterioso. E ficou assim, durante toda a tarde. Chuva,vento,solidão,tristeza,aquele olhar incessante e eu aqui, sem entender aquele vaso.