terça-feira, 25 de dezembro de 2012


Erro

Acordei
6:30
Dei o nó no meu sapato
Matutei:
Cedo ainda
E a saudade em teu retrato.
Mal vivi, Sol, ainda, ainda...
E já nas costas,o cansaço
A razão já conheço:
Meu pé está preso
Ao próximo passo.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Meu

Meu coração
é cheio de prognósticos pro amanhã
E nenhum pertence
É turvo, fino, cansado
Sol poente
Tenho um coração cheio
Que infla, infla...
Até se esganar;
Não suporta o peso
Não cala nem canta
Não cai nem levanta
Não é solto nem preso;
Esborra
É carga viva
Um navio, um cargueiro à deriva;
Meu coração é vaia
Um bocejo soprado no ar
Meu coração vive na praia
Prestes
A cair no mar.

sábado, 17 de novembro de 2012

Assim
como os pássaros
como os ursos
como a águia
como o rio
como a vida
Alimentam
os seus,
tudo em mim
é vontade
de conhecer
a Deus.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Montanhosa fria e turva
Inútil seria eu acordar
Meu sono,confiante, te perturba:
Levanta-te, atira-te ao mar!





Jesus, porém, respondeu-lhes: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira, mas até, se a este monte disserdes: Ergue-te e lança-te no mar, isso será feito
Mateus 21:21

domingo, 11 de novembro de 2012

7

Todo dia
escorre um rio
de água fria
do olho pra dentro.
Tristeza ainda vai
me afogar
maradentro.

terça-feira, 6 de novembro de 2012


No meu quarto tem uma janela que dá vista pro por do Sol.De noite, eu observo a vizinha no puxadinho limpando a cozinha suja de um dia inteiro de desprezo. A imagem cansada parece que dança tango da mesa pra pia-do armário pra mesa. As minhas orações são um livro ilustrado pelo tango  na cozinha. A minha vida são essas orações. Os meus cuidados, a minha fala são essas orações e o Tango. Não descrevo minha fé, porque sou burra. Não descrevo porque não sei. Deus não se desenha, é tudo que sei. Eu não posso ver, e a felicidade é não enxergar, nunca. A felicidade e a receita: Não enxergar. Demais, só se precisa ter uma janela na cozinha, no quintal, nas costas do quarto, que seja. Uma janela é indispensável, assim como uma varanda escura, bem escura, pra noite. É lá onde eu encontro Deus.


Esperança não é esperar, é ter fé.
Todo dia, em Novembro, no Agreste
Amanhece fervendo
Meu Deus, eu quero morrer!
Aliás, não! Não quero
Mas estou morrendo...

sábado, 3 de novembro de 2012

Prelude in E-Minor

A minha alma
morre
um pouco
a cada
dia
Senhor,
em teu nome
Socorro!
Socorro, meu Deus
Meu Deus,
Socorro
socorro
Senhor,
socorro
que agonia

terça-feira, 30 de outubro de 2012

9

Esta noite eu tive um sonho, amor
Um sonho desgovernado
Aparente, eu esquecia a dor:
Uma flor, um livro embrulhado.
Mas o tema, diz a sorte,
É amaldiçoado
Sonhar com amor:
azar nº9
Final marcado.

domingo, 7 de outubro de 2012

lida

A minha alma amanheceu turva. A minha e a dos meus irmãos. Tudo em volta de nossas camas é saudade das músicas que nos ninava nas aulas de desenho da tia Ivete-  pré escolar  turma I. Escola Mul. Ermelinda de Lucena Barbosa, 1993.
A infância é doce, tão doce  quanto as manhãs em Taperinha, quanto o toyotinha vermelho do meu pai, o arroto da minha tia Inácia, as casinhas de boneca debaixo da mesa com a Leidinha, desfazer e refazer o penteado com pano na cabeça de minha amiga velhinha, Margarida, os olhos azuis da minha vó quando ainda enxergavam os horizontes, o peito da minha vó, o cheiro, as pelancas, os cabelos, o amor da minha vó, a minha vó, as brigas com Lucieni, odiar Lucieni, amar Lucieni, comer arroz com o Rafa, invejar os dinheiros de embalagem de cigarro do Rafa, a barriga dele, maior que o corpo.
A infância é doce, é doce como o cheiro do medo da sandália do meu pai, dos planos de pular o muro do quintal e ganhar o mundo, na próxima ameaça de surra.
Tudo é doce e bonito como nossos nomes no material escolar com a letra da minha mãe.
Tudo em volta das nossas camas é saudade da inveja que sentíamos dos meninos que tinham bicicleta, de quem viajava pra outro país (cidade), de quem usava Neutrox, de quem tinha piscina, de quem atravessava a rua sozinho, de quem jogava carimbada na rua com os amigos, de quem tinha amigos.
A infância é um doce de leite na casa de Aninha, doce e travosa como o doce que sobrava no tacho seco e sem cor; é gostosa como o leite em pó que ganhávamos na escola e que era terminantemente proibido com açúcar, em casa, guardado-cuidadosamente-  na última prateleira do guarda comida.
A infância era doce como um mar de medos que só eram vencidos no colo da minha mãe. Mas tudo em volta de nossa cama é saudade...
Tia Inácia não pendura mais as calcinhas de pano no varal da minha casa, nem arrota depois de cada copo de água, nem engole comprimido mais, a seco. Tia Inácia só dorme, e dormir  o resto da vida não tem graça. Não tem mais graça nem toyotinha, não tem mais Lucieni, não tem mais lagos nos longes da minha vó. A vida agora é uma volta em torno do nosso terreno na Rafael Soares. Tudo em volta de tudo dá uma volta completa no mundo de medo, um medo tão profundo que nem o colo da minha mãe, nem a letra dela na caixinha de lápis de cor faz com que nos sintamos como nas mãos de Deus.
A minha alma amanheceu turva. A minha e a dos meus irmãos, e a fé é a sombra disso.

1 Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo,
2 por quem obtivemos também nosso acesso pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e gloriemo-nos na esperança da glória de Deus.
3 E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança,
4 e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança;
5 e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
6 Pois, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu a seu tempo pelos ímpios.
7 Porque dificilmente haverá quem morra por um justo; pois poderá ser que pelo homem bondoso alguém ouse morrer.
8 Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós.
9 Logo muito mais, sendo agora justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.
10 Porque se nós, quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.

Romanos Capítulo : 5





sexta-feira, 21 de setembro de 2012

printemps

Ah, eu vou casar no Sábado
Vou começar  outra vida
A porta da frente do amor
Vai me fechar* a ferida.

*abrir.

quinta-feira, 19 de julho de 2012


Não,

não esmoreça, querida
a vida tem muito mais
não destrate a partida
está tudo andando
pra trás...

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Ah, minha querida Flora...

a dor é forte
é segura, infinda
de tristeza, só não me mato
que o medo da morte
é mais forte ainda.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Poema sem face

Quando nasci,
nem anjo torto
ofereceu-me companhia
ganhei por primeiro presente
uma caixa de sementinha
qual o quê,
a piada
era plantar todo dia.
Coitado de quem acredita
que milho engorda galinha
a gente não colhe só o que planta
tem também as ervas daninhas.

terça-feira, 19 de junho de 2012

quinta-feira, 17 de maio de 2012

La noyée

.


oh, meu Jesus, eu creio firmemente, que por bem bem, estás sobre este altar.

domingo, 22 de abril de 2012

Adeus, amor, a Deus

Quem recolhe as migalhas na calçada
Sabe como tratar uma dor
Nas mãos, as palmas arrancadas
Misturam o sangue à terra, ao pó
Quem arrega um amor, é pá virada
Só anda na estrada
Que o outro já andou
Pois resto de amor é coisa fraca
Fina, frágil, embaraçada
A pele da flor.

sábado, 31 de março de 2012

Saudade meu.

Ah, Dôra
Andorinha,
Me conheces tão por fora
Mas por dentro, te diria:
No próximo vento,
Neste que vem agora,
Ai, Dôra,
S'eu pudesse, eu morria.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Espera, me alcança?

Até ontem, era o eterno
Nó de marinheiro na ponta do mar
O futuro é sempre incerto
Verão numa cena de inverno
Porta de ferro, sem casa pra entrar
A hora exata?
A hora exata não tem forma
Nem é certo o ponto de ser
Como pode do sol cair chuva
E uma chama na água arder?
Mas se é esperança...
Ah, na esperança é tudo redondo.
A espera é um calmante
Hediondo.

domingo, 25 de março de 2012

Dormente estrelinha
Do final da constelação
Desconheces as entrelinhas
Imersas nesta canção? :
Companhia quer solidão,
Estrelinha,
Solidão,não.

Oração do meio dia, sempre às 12:30

Meio dia:
Condena o relógio, em ponto
Também me condena a demência
Qual ferrada de maribondo
Se me embica a destreza do tempo
Senhor, como te encontro?

domingo, 18 de março de 2012

Mi madre me bien había dito

"amor ele traz em casa. Veste o vestido, calça o tamanco e espera"
Resolvi dar uma folga a Deus, deixei ele descansando
Que muito tempo trabalhando, só um sono recupera
Abusei do grão de bico, emagreci, fiquei fera
Fui atrás do meu amor- eu mesma-, fui na vera
Não fosse a chuva que desabou, flagrei ele
Com ela...

sábado, 17 de março de 2012

Senhor Deus
Pequei, Senhor
Misericórdia!

Senhor Jesus, pelas dores de vossa mãe Maria santíssima, misericórdia!

scrr, m D, v mrrr

Demência é indulgência
Que não se paga pro céu
Cisco no olho de noiva
Vento carregando véu
É a carta na caixinha dos correios
Que esqueceram de pegar
Mais um milhão de nenhuma coisa
Que sempre custo a pensar.
Minha vida morreu demente
Pois bastava viva estar.

domingo, 11 de março de 2012

sexta-feira, 2 de março de 2012

Pedido

Senhor, um breve pedido
Faço, por tua graça
Se eu algum dia padecer ferido
Que me carregues pra morrer em casa.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Fofoquinha dolorosa.

Toc, toc, toc
Na porta, era a vizinha:
"Ouviu-se um gemido de alma".
Terá sido a minha?

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Sinais de pontuação

Querida,
Queridinha,
Eu vi o mundo derrapar da mão
[Que não a minha]
À noite, querida tão amada e miudinha
Eu a vi como sou, com és
Choveu uma chuva passageira
Em minha vida inteira,
Escrita em papéis.
Meu corpo amarrado em seu leito,
Qual braçadeira,
Minha alma, ela inteira, qual viés.
E deitado em forro brando, no enfado da canseira
Queridinha,
Eu sonhei com teus pés.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Memória

"Pra sempre" é a morte
Por obra da sorte
Ainda criança, aprendi.
O amor é eterno
Vesti meu terno
De domingo
E morri.

Carta nº privado

Querido Leopardo
(saudações sem fim...)


"Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data.O senhor mesmo sabe."

A poesia tem teu nome.


responde, te amo e pago o selo.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

1. Não há dia que não seja espera
Nem espera que não seja a morte.

Lst

sábado, 28 de janeiro de 2012

Cego

O amor matou minhas chances de cura
E numa armadura trancou minha sorte
Mal sabe,pobre criatura,
Que sinto-me viva
Na minha morte.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Lst n1

Que os passarinhos, as árvores, as duas horas e tantas
Saibam que estou sofrendo
E do risco bendito da morte, que em mim esta vivendo
Que o sonho repetido há 20 noites
Lamente, comigo, esta dor
Que a tristeza e a lamúria
Saibam que as sei de cor
Que saiba, também, meu coração
_____________[Este, mais ainda e sem dó]
Que a base do sim é não
E todo mal antecede a um pior.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Meu amor, esta é a última

Que Deus se aposse de mim
Como um faminto à beira d'um prato
Que me afogue no mar sem fim,
Me esmague,com fé,em seu rastro
Que eu me dane em paz
Pro rio que me carregue
E no casco de seu navio
Uma onda tirana me apregue.

Senhor, não faça demora
Nem imagine que sou fraco
Meu enlace é sincero e não faz hora
Lá na praia já larguei o meu barco.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Bom dia de um fingido

(repostagem)

"Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença. Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude. Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase. Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala. Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo. Faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços meu pecado de pensar." (Clarice Lispector)




De um modo muito qualquer, dei um repouso ralo de umas três horas, à noite,antes que o despertador tocasse o aviso de que já era dia, mesmo sem ser. Levantei, e a única coisa viva que avistei na minha frente, como de costume, foi a sombra feia de um rosto. Nunca observei nos detalhes mais íntimos do meu rosto. Em verdade, nunca observei nada de tão íntimo em mim. Quando não se sabe bem de que forma conduzir uma conversa com alguém, é comum que a gente se mantenha distante, como um vizinho de quarteirão, no mínimo. Sempre me fui alheia. Nunca houve melhor forma de proporcionar bem estar a mim mesma, ainda que falso.

Vivo há uns três ou quatro calendários da minha vida sem presença de campainha, nem de palmas na porta. Não há vida melhor. Vez ou outra faz preparação de chuva e uns pingos vadios aqui, ou ali, vêm me incomodar na janela pra me manter informada. Aos domingos, finjo um sorriso costumeiro de bom dia, na portaria, enquanto saio pra um passeio sem rumo (também fingido). No resto da semana faz Sol. Mais nada. E eu aterrada na minha zona de conforto feita de galhos finos, prestes a se partirem. Ninguém vê, e eu estou bem. É como quando acordo antes da hora e cambaleio com a perna dormente pra tomar água. Quem vive só, tem uma forma estranha de tomar água...

É incrível a sensação de se fazer tudo sem satisfações, desprezando, claro, o lado ruim que te rende um desleixo desgraçado. Mas tudo bem (pra quem está bem). Tudo tem sido encantador, e o soluço silencioso e suave do vazio, tem feito muito bem a tudo: coração,cabeça,pele,cabelo... Ah, e não há melhor companhia de final de semana que a solidão.

Eu durmo todas as noites, um tempo razoável e razoavelmente bem.Finjo bem, acordo bem: 5:15 do dia, e antes de engolir meu café, da janela respingada, com os dedos grudados na caneca azul de louça, eu tenho um rosto escuro e toda a alma em apelos secretos feitos ao céu.

Amor sucio

Chegou até meu terraço
num dia desses que chovem.
Reconheci seus pés molhados
já de longe...
Me escorregou a mão
nas costas escuras,de bronze
e partiu,
sem se importar que eu despertasse do espanto,
de...va...gar..zi...nho.
Nada se diz a seu respeito hoje,
nem sabe ele, de meu desalinho,
só lembro de seu rosto abrigar um pássaro
que conseguiu atravancar o meu caminho.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Jantar

Felicidade
É refeição de quem se engana
Tanta sorte é divina
Não tem natureza humana.
Minha alma é uma nuvem carregada, prestes a chover.


choveu...

sábado, 7 de janeiro de 2012

Sonhei um poema pra Maina

Meia noite e vinte e um:
Num suspiro de um sonho, acordei
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Sorte no bicho, pensei
Não fosse a chuva lá fora...
Vi a sorte e respirei.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A saudade é um laço
em cima de um nó
de marinheiro.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Qdr nº 1

Te explico nos versinhos, queridinha
As coisas do coração
De inverno ser mais triste
Quando nasce no verão.