quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

domingo, 4 de dezembro de 2011

Raso



Amo tanta gente
O meu amor é espalhado pelo mundo
Amo tão mundanamente,
A beleza do não profundo
Meu gostar é desvairado
choro de bêbado em botequim
Meus amores são desleixados
Perdidos em começo e fim

Não sabem que são amados
Nem amam, também, a mim.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Poema sem cabimento algum

Tenho um imenso corpo
Que não cabe no pensamento
O resto é carne e osso
Caveira exposta ao tempo
Não caibo na minha pele
Vez ou outra me arrebento
Eu caibo na palavra
Que palavra é vento.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

cep 55750...

Vou ficar no teu endereço,
Como placa de nome de rua
Na esquina que corta, severa,
O outro lado negro da tua.
Enviar-te um postal sem sentido
Tua imagem num camafeu
Num papel que se falasse diria
Que o envelope era meu.

domingo, 13 de novembro de 2011

ADeus

Meu coração pulsa pedidos
Todos eles de socorro
Num pulsar despercebido
Desses de quase morto
Uma contagem regressiva
10 gritos por minuto
Inocente de o céu ter ouvidos
E todos eles surdos.

domingo, 6 de novembro de 2011

Tri........im

Há uma coisa a dizer
Que não sei como
Acharam uma vida
(E ela não tem dono)
Liguei pra Deus
Pra satisfação
Me identifiquei
Ele disse: "não".

Poeminha secreto

As águas que te lavam
Molham o calor, o arrepio.
Dois olhos, tuas pernas
Tuas mãos delgadas, o corpo esguio:
A beleza da flor, a pele, a cor
Mar e rio.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

sábado, 29 de outubro de 2011

Bom dia de um fingido nº2

12:35


Carta ao próprio remetente.


Ninguém sabe, mas eu sinto uma inveja rude e desastrosa dos corpinhos mansos daquelas moças. São tão desnudos, mesmo de saia. Vestidos cheirosos em tons de nude. O único tom nude que usei na vida foi na época da hepatite: meu rosto em um único mês ficou tão pálido que vultava uns trinta tons de bege. Contraí a icterícia aos 12 anos e minha memória ainda é fresca: mamãe repousava na janela minhas roupas pro Sol secar a moléstia antes de lavar. Eu era só e isso me bastava. Isso e os 20 litros de sangue que minha enfermidade me obrigava a perder pro laboratório, toda semana. Era como sofrer um acidente a cada 7 dias. Estava numa prisão e sem visita. Eu estava bem. Companhia enfada e todo doente precisa de descanso."desculpa de amarelo é comer barro" -Tia Augusta.

Eu não costumava trocar minhas duas barbies falsas nem minha caixa de televisão cheia de móveizinhos de madeira por amigos de rua. Ficar em casa era o programa mais interessante que havia, depois do programa da Mara. Era seguro, limpo e livre de arranhões e puxões de cabelo.
O amor.. O amor foi precoce na minha vida. Lembro data, mês, ano, talvez até dia em que meu estômago começou a sentir a primeira agitação, sem significado obvio, das tripas. Era o aviso. Não lembro com qual intenção, mas eu ficava na janela simulando olhares trocados com os corpos desconhecidos que vagavam na rua. Mentirosa eu era. Tinha um milhão de avisos, ligações perdidas, postais, declarações em papel de carta na minha caixinha do correio, bilhetinho preso nos ímãs da geladeira, tudo auto enviado.

Mês passado recebi noticias de uma prima distante, daquelas que não se sabe se ainda é prima. Tá na Europa... vivendo um amor casual daqueles que se encontra em um café, lendo Proust e ouvindo de forma critica e magistral o som do nada. Mas o meu amor é marginal, anda pelas ruas vestindo o que foi de ontem, arrotando os fiozinhos de energia onde os passarinhos pousam sem medo de choque, meu amor amarra um cinto de flores na cintura e sai distribuindo mudinhas de hortênsias pelas ruas pobres da minha cidade. Em seus pés cabem o caminho pra fora da morte, nas mãos uns vinte anéis de ouro, a boca não fecha, ele mastiga a poesia de dentes abertos, sem vergonha, sem medo. Meu amor é tão grande que me machuca, mas eu nem ligo. O meu amor... o meu amor não existe.

Aquela foto em frente à torre Eiffel com a mão no peito do respectivo, ostentando o anel de noivado pesando duas vezes a massa da mão. Eu não queria uma vida dessas pra mim. Longe disso. Se Deus ouvisse a todos os meus pedidos, eu estaria muito bem hoje em dia e sozinha. Eu tenho um projeto de vida e nele não está incluso me perder com nenhum amor  tomando vinho e suspirando declarações  na terra do Croissant. Amor pra mim, é outra coisa. Amor é primavera, mas nem tudo são flores. Além do mais, Primavera não é uma estação muito feliz, me lembra Gídio e uma dessas conversas bem maciazinhas de manhã cedo. Não sei dos outros costumes, mas aqui no interior, as pessoas costumam chegar na casa dos outros às cinco da manhã. Nos dias de feira cinco toyotas fazem a linha sítio-surubim, e a primeira partida é exatamente às 4:35. (25 minutos do sítio a Surubim).

Meio dia sem freio e uma tentativa de escapar da morte falha... Só há uma maneira de se livrar da morte: atravessando-a até o outro lado.

 "Uma conversa tão macia e nem em casa chegou mais..."
o amanhã não pertence a nenhum de nós, não cabe prognóstico. "Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal" (Mateus 6:34. )

Gídio era um bom homem descendo as ladeiras sinuosas de Taperinha "Eu vou 'arrenovar' meu amor com Domerina/é, Domerina, é dó rimar..."  lamentei tanto sua morte... não chorei por falta de tempo. A vida é breve, é corrente como um rio. Não há tempo pro sim. É como tudo foi programado. E como se ainda importasse, um dia eu ouvi a tristeza batendo na porta! mas numa voz preguiçosa, gritei: Demore-se lá quem é!


Esperança não é esperar, é ter fé. Nasci pra morrer.

Olê não chore, não
Olê não vá chorar
Que seu amor foi-se embora
Mas destá, destá destá...






Lizandra Onilza Maria do Juá Silva dos Santos participava do grupo de tricoteiras
da igreja de são sebastião, formado por pensionistas e aposentadas que esperam receber valores devidos pelo Estado. Foi servidora da Secretaria Estadual da Saúde. Natural de Taperinha, Zona rural (PE), deixou três filhas e um filho, três netas e dois netos.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Nº 7

Amor não é conquista, queridinha,
É ganho
Ser amado nunca foi mérito, é presente
Sorte em jogo do bicho,
Dinheiro achado na rua,
Sol depois de chuva.
Receber amor é como acordar no dia de Natal,
Como deitar num colo seguro
Meu amor...
Meu amor é como um parto
Prematuro.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Carta nº 4.000

Querida,
Lhe dedico um envelope
Com muito carinho e amor
Não repare as noticias vencidas
Nem os erros singelos que dou.
Uma folha adormece por anos
Com as letras, o detalhe,
O suor
Te escrevo e finjo que mando
Desmaio entre os papéis
E só.
Os dias são sempre contados
As linhas os enfeitam
Em vão
Por quantos amei e fui amado...
Ou decerto perdi a razão...
Esta
é uma carta de infinitos pecados
Remetente de sim para não
Que um extinto não merece agrado
Nem a luz divina do perdão.



Adeus, querida, adeus...

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

El dia en que yo me quiera

Cuando me aburro en sentir
Las veces que desperto
Y no estoy en mi
Me muero mil veces
Y ya mori
Cómo un castigo, y por si solo
Me sacasse las piernas de seguir.
Me echo de menos
Y nadie más lo siente
Me vuelvo invisible a dormir
Y a la mañana siguiente,
Los pájaros , en sus viveros
Esmolan sus sonidos para mi.

sábado, 15 de outubro de 2011

Que pena pequena, pequenininha

Quando aquelas pernas de branco
Cruzam,indiferentes, a Avenida Almirante
Meus olhos invisiveis suspiram:
Deus, que mesma cidade tão distante...

sábado, 8 de outubro de 2011

valsinha de ninar

O céu amolece o azul
Que de espanto,
Descobre o forro;
Senhor, se me amas tanto
Me chama
Que eu morro...

sábado, 24 de setembro de 2011

ADeus.

Não sou ferro, madeira, nem sou aço
Não cultivo a semente da razão
É de sangue e tristeza meu cordão
Meu destino é desenho de compasso
Sem começo nem fim é o meu passo
Circulando entre as curvas da aflição.

Já me canso no inicio da corrida
Imagino o fim que já me espera
Seja frio ou na luz da primavera
Me amolo no grito da partida
Lá fundo do corpo a alma grita:
“Anuncio o fim de minha era.”

O carrego que sustenta minha vida
Descarrega e a morte grita: “bravo!”
O ferrolho da porta ta no travo
Não me atendem, por mais que já bati
Só queria, agora, de centavo
Receber as alegrias que perdi.

sábado, 10 de setembro de 2011

Pianinho

oh, veja que a luz desabrochou
no peito de quem me amou, morena
no peito que já foi meu
Na saudade que bateu, morena
meu nome, e depois...
se perdeu.

oh, veja as luzes que à minha alma
iluminam
iluminam...
Seguem frias como rimas, morena
de um verso triste
que morreu.

domingo, 21 de agosto de 2011

suor

Boca cega,
olhos mudos
pressa que se demora.
Ouvido congestionado
nariz surdo
ando cansado
do corpo pra fora.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

s. m.

O amor é paciente
Passa ciente
Por tudo
Sem cansar.

domingo, 24 de julho de 2011

P.B.

Seguem táticas pra se começar o dia:
Acordando.
Quando acorda o dia, nunca estou de pé. Nunca.
Não sei o que é verdejante. Não sei. É só isso. Não sei.
"quem não levanta com o Sol, não goza do dia"
Olhei pra mim mesma no espelho e me estabeleci limites, depois me perguntei se isso resolveria,
Como não vem resolvendo há mais de vinte anos.
Parei um instante pra rezar:
Senhor, o que faço agora?
O que pedir quando não se sabe pedir?
Sei que minha alma necessita de abrigo,mais do que posso achar que preciso.
Na dúvida, não falei nada, preenchi o espaço com minhas ações:
Nenhuma.
Você quer segurar na mão de Deus? Então vai, segura de uma vez.
Mão se aperta pelo tronco, não convém só roçagar os dedos.

sábado, 9 de julho de 2011

Auto fotografia

Deixo-te um pedido, queridinha,
um apelo:
não me esqueça nunca,
nem que o ciume
não deve ultrapassar o zelo.

terça-feira, 7 de junho de 2011

pedra dura em água mole:
tanto mastiga até que engole.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

meu amor, aquilo que você fez, não se faz.

terça-feira, 31 de maio de 2011

sábado, 21 de maio de 2011

21 de maio de 2011

o tempo acode os dois lados
um,
com dois anos de atraso...

domingo, 8 de maio de 2011

sábado, 23 de abril de 2011

poemamudo:mintomaisqueomundo

terça-feira, 19 de abril de 2011

eu te amo

meu bem,
meu benzinho
tenho pra vc um caminho
a 7 palmos do meu dedão

do pé.

quinta-feira, 24 de março de 2011

carinha bordada de sarda

Você, querida, é leve como um pássaro, até na sua ausência...

quinta-feira, 10 de março de 2011

...

Com que faca se corta o amor do corpo?

sexta-feira, 4 de março de 2011

te echo de menos

España, 15 de Maio ...

Não olhe a data, nem que o tempo não tratou de correr.
Não, aqui não lhe descubro nada.
Mas,
Queridinha, eu ontem quis morrer...

domingo, 9 de janeiro de 2011

hoje eu vou armar um céu
que mande água pra eu viver.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A gente se frequentava quando dava, e quando, de quando em quando...

Querido,

que irônico o tempo que já não o chamo assim...
preste muita atenção! não por mim, nem pelos anos que encubei aquelas respostas mal dadas na gaveta, pra só depois de um mal entendido desabafar na sua cara o quando me fui,embora não tenha sido, ou pelo óleo sobre tela que fiz e mal pude dedicar, nem por eu acordar com esse descaramento absurdo; mas pelas xícaras que não foram lavadas, e as cobertas na varanda, pela força do vento que se esbandalha e escancara o corpo pra quem quiser,à tarde, pelas preces sentidas a cada segunda-feira das almas,pelas almas, pelas missas, pelas promessas de boa esposa, boa amiga, pela mão que vagava viva entre as omoplatas e o pescoço,pra que eu viva e que seja vida, pra qualquer coisa de manhã na sala, ou fora, por qualquer canto, por espanto,esmola...
me volte.



3 de janeiro de 2011

responde,pago o selo.

A um Leopardo

pedaço à parte de minha alma
coração exterior ao meu
nas entranhas da minha calma
o seria se não fosse eu