sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

domingo, 21 de novembro de 2010

Domingão:

desânimo dentro de um balde cheio de água. Fria, como a dos vasos de cemitério em dia de finados.


dramático,não?

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

...

1. não há dia que não seja espera
nem espera que não seja a morte

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

considerando os pensamentos
e as vontades
sei/sou bem o que é maldade.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Bom dia de um fingido


"Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença. Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude. Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase. Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala. Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo. Faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços meu pecado de pensar." (Clarice Lispector)



De um modo muito qualquer, dei um repouso ralo de umas três horas, à noite,antes que o despertador tocasse o aviso de que já era dia, mesmo sem ser.
Levantei, e a única coisa viva que avistei na minha frente, como de costume, foi a sombra feia de um rosto.
Nunca observei nos detalhes mais íntimos do meu rosto. Em verdade, nunca observei nada de tão íntimo em mim. Quando não se sabe bem de que forma conduzir uma conversa com alguém, é comum que a gente se mantenha distante, como um vizinho de quarteirão, no mínimo.
Sempre me fui alheia. Nunca houve melhor forma de proporcionar bem estar a mim mesma, ainda que falso.
Vivo há uns três ou quatro calendários da minha vida sem presença de campainha e de palmas na porta. Não há vida melhor! Vez ou outra faz preparação de chuva e uns pingos vadios aqui ou ali  vêm me incomodar na janela pra me manter informada. Aos domingos, finjo um sorriso costumeiro de bom dia na portaria enquanto saio pra um passeio sem rumo (também fingido). No resto da semana faz Sol. Mais nada. E eu aterrada no batentinho da minha porta do quintal feito de galhos finos, prestes a se partirem. Ninguém vê. Eu estou bem. É como quando acordo antes da hora e cambaleio com a perna dormente pra tomar água. Quem vive sozinho tem uma forma estranha de tomar água...
É incrível a sensação de se fazer tudo sem satisfações, desprezando, claro, o lado ruim que te rende um desleixo desgraçado. Mas tudo bem (pra quem está bem).
Tudo tem sido encantador e o soluço silencioso e suave do vazio tem feito muito bem a tudo: coração,cabeça, pele,cabelo... Ah, e não há melhor companhia de final de semana que a solidão!
Eu durmo todas as noites um tempo razoável e razoavelmente bem, finjo bem, acordo bem: 5:15 do dia e antes de engolir meu café, da janela respingada, com os dedos grudados na caneca azul de louça, eu tenho um rosto escuro e toda a alma em apelos secretos feitos ao céu.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Da redinha

vejo a minha senhora sentada, como criança esperando a mãe, embrulhada naquele emaranhado de cabelo
ora voando, ora fazendo cocegas nos olhos, devagar, num passo meio de valsa, algo perto de triste, algo perto de tédio, algo perto de nada...
e sem a minha fala, sem fala alguma,  sinto uma vontade agudinha de deixa-la saber...
"here comes the sun, little darling, here comes the sun..."

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

tristeza:

s.f.
referente ao que apavora
aos poucos
ou de uma vez.
me perfura o rosto
quando chora
e me aborta um óvulo
por mês.

(repostagem)

Agora

Acabei de parir um poema

domingo, 17 de outubro de 2010

Tristeza não é mais tão assombrosa
quando não é mais noite de sábado

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ayer

Tiraram um cochilo à sombra de um medo meu
coitado...
coitado que era eu.
Às vezes é preciso perder-se
dentro de casa.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

sugiro a algum passarinho
que faça ninho na minha sombra.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Enviei-te um postal esta tarde
com a paisagem tranquila e tão branca
da mesma tarde que cai e estanca
o solzinho triste e amarelo.
Enviei-o choroso e singelo
liso como tecido frio
tingido de um marrom vazio
que veste um solitário monge
ele segue...
embalado num papel de carta
e na esperança de não ver-te mais de longe.

a um leopardo

domingo, 27 de junho de 2010

A tristeza é fruta preferida
Sementinha plantada na face
E toda vez que eu durmo na vida
Uma nova árvore nasce.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A distância carrega o esquecimento.
Não a de corpos,
A de pensamento.

terça-feira, 27 de abril de 2010

De fato

Graça,te decide quando quiseres
não tenha medo de cautelar
todo idiota é convicto,Gracinha
nunca vi um imbecil hesitar

sábado, 24 de abril de 2010

Umarí, Sábado.

Repara bem, Leopardo -se já não havia reparado,vai saber- como as portas se fecham tão mais cedo nesses finais de semana.
A gente fica meio jogado fora aos sábados. Nenhum telefone toca, parece que o barulho aborrece o silêncio dos vizinhos de uma forma tão brutal,que até o som mínimo do mensageiro instantâneo parece se abster. Não tem ninguém. Ninguém  liga,nem chama quando a gente tenta dormir,não se ouve nenhum sintomazinho de perturbação,o que é ruim. Hoje eu vim de uma festa meio agitada, daquelas que a gente sente que deveria puxar a alma que tá meio avoada pra perto do corpo e agitar naquelas danças de pista, mas é esse o meu problema,essa palavra "avoado" não sai do meu couro há algum tempo. Deve ser isso. Eu desisto daquelas agitações assim fácil, fácil, e volto como se nada tivesse acontecido. Mas voltando a Sábado -hoje, agora- à noite, eu ando meio perdido, você sabe... pra num dizer que não acho nada, achei umas garrafas de suco de laranja que eu vinha cultivando em baixo da cama e lembrei do meu primeiro dia na segunda série: colégio novo, gente ainda mais nova... Gente Novo nunca foi o meu forte e a cor do meu caderno novo e aquela letrinha bonita de primeira tarefa que eu fazia me dá nos nervinhos quando recordo. Ah, Leo, que agonia, que sábado,que noite!
Não se ouve nada, nem o som de vento nos fios do poste. Até as estrelinhas Deus tratou de lacrar uma por uma deixando o céu e esse resto de hora, estéril de qualquer coisa que me anime ou me empurre vivo pro chão.
Não,eu não estou bêbado e não ofereço perigo algum agora, e ainda que oferecesse...
Não sei, mas acho que vou me recolher, esse sereno da noite me bota resfriado como um "condenado doido"
Tenho prova amanhã e num sei o que vou provar pra mim. Na verdade,eu nem me sei, nem sei de você, Leopardo...
Ainda me lembras? ainda te lembro algo?
divide a noite comigo,assim que der...

cheiros de frio.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

segunda-feira, 12 de abril de 2010

tristeza:
s.f.
referente ao que apavora
aos poucos
ou de uma vez.
me perfura o rosto
quando chora
e me aborta um óvulo
por mês.

segunda-feira, 22 de março de 2010

domingo, 21 de março de 2010

voltei
pra ir embora de mim
dei-me um beijo de chegada
e disse à partida que vim.

sábado, 20 de março de 2010

meu coração miúdo
caleidoscópio sortido
pedaço retalhado
de sentido
muda a visão
a cada minuto

quarta-feira, 17 de março de 2010

O mar tão vazio

Engraçado...

E eu,rio

sexta-feira, 12 de março de 2010

Esse cheio
tão vazio
ainda vai me matar
Meu corpo é calmo
mas a alma,inquieta
A carne agitada se retrai
e o espirito
a tudo afeta.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Antes da chuva se acalmar
Quero voltar
Pro meu Lugar...

terça-feira, 2 de março de 2010

O caminho vai se alargando
e a mão de Deus _________se afas_________ ta __n __________do...

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

eu bem que tentei mostrar
acenei,
mas ninguém viu
uma folha
solta no vento
me fez um sorriso
com as mãos
e partiu.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

de tardezinha
a poesia
foi-se embora...

(des) man...chan-do-...se...



[...]

Adorava a certeza de ser a preferida e dona principal de todos os abraços
e beijos (quando era criança era a "maior dona")
e quando vi aqueles ombros caídos quase se escondendo na sombra da cortina,
andei depressa e fingi começar a sessão de abraços,como se precisasse dar inicio pra que
ela viesse me encher de tanta atenção...
ao sentir aquele alvoroço desconhecido,virou-se e quase não querendo,inclinou a cabeça perguntando quem era.
Eu ignorei,como se estivesse tudo bem,e não tava a fim de brincadeiras,apertei aqueles ombros meio fracos com uma tristeza meio agoniada,ou raiva,eu num sei,e depois de tanta obstinação
ganhei um cheiro meio pra fora,como quem prende a respiração e depois solta,
mas já não o mereci em meu nome,
foi um cheiro forçado de quem não aguenta mais tanta insistência
e faz logo pra ficar livre.
Ainda insatisfeita,levantei a sua mão e encostei no meu cabelo,
e sem precisar pensar pra saber a reação que viria em seguida,esperei
aquele velho sermão...: "mas minha filha,o que você deixou que fizessem com o seu cabelo...?"
mas a única expressão que eu vi e que é tão difícil de descrever,foi daqueles olhos.Apenas um par de olhos no sentido mais físico da palavra.
Olhos cegos,que me desprezavam como uma estranha desinteressante.
ela estava cega, e mais cegos que ela e seus olhos ficaram os meus cabelos,
as minhas mãos e a minha alma que ia perdendo o brilho até chegar na cor
que é a cor pura,sem mais enfeites,sem mais vida,sem mais nada.
saudade
sal
salgada
demais.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Malpassaudade...

saudade se veste de preto
num vestido longo,bordado
onde o vento com toda malícia
faz um vôo no tecido rodado.
E o presente aproveita carona
forjando curvas sem olhar pro lado
e suave, o hoje vai passando
de tão leve,é tão mal passado..
Por que,meu bem, a beleza é tão triste?
O inverno é a estação mais longa da vida

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Boca cega,
olhos mudos
pressa que se demora.
Ouvido congestionado
nariz surdo
ando cansado
do corpo pra fora.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

cinza e nublado:
a chuva
cai teimosa
sem pedir
cinco e cinquenta e quatro:
coração
tão cheio de vazio
quer explodir

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

trate de comparecer
ao silêncio
à falta de você.

sábado, 16 de janeiro de 2010

hora triste
que banha a gente
que chora
hora,hora
quem diria..
hora fria
que demora
hora fina
agulhada
hora dura
pedrada.
hora que ora
pra olhar no relógio
e chegar a hora
de ir..
hora,
se demoras
por Deus
faça favor de não vir
são tantas coisas
são tantas
as poucas coisas.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

não sei o quanto me amo
mas é um amor tão grande
tão branco,tão cheio de pó
branquelo mesmo e enorme
como nuvem branca
num dia quente
de dar dó.
claro
como uma folha de oficio
uma só
não,
uma resma!
e o amor pesou tanto
que de tão pesado
esmagou
esmagou com força
com dureza
e de tanto me amar
de tanto e branco
fiquei viúva
de mim mesma
meu anjinho,
amor não é só palavra
amor se pega,se apalpa
se não,amor
amor a nada.