sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Leo

Meu saudoso e inconstante cordeirinho,
penosos como as águias no por do sol são teu suor, tuas unhas cortadas e teu desterro. Hoje juntando lavagem para os porcos recordei você e os caroços de fava contadinhos no nosso velho e enferrujado depósito. Todo os dias a lembrança anda, todos os dias a natureza e o som genuíno do vento andam, e tu és, querido, como uma "váge" de capim depois da chuva, encoberta por botõezinhos de acerola que despencam das aceroleiras ou por flor-de-sapo, e não há um só dia em que eu toque o vermelho cádmio ou o verde pinheiro e não lembre das tuas vestes, da tua resta na janela...
Não há uma tarde que se passe sem sobejo da lembrança da tua boca de sede nos copos de cristal. Eu o amo até hoje, e tua morte( que ocorre como uma morte), ainda é um cancro na minha alma.

meu coração pressente o fim dos tempos neste selo.

Um comentário:

Leo disse...

Querida Lizandra,

Saiba que de nada valem os botões de acerolas que caem das aceroleiras se não os colhe e faz aquele suco sagrado que outra pessoa no mundo não há de fazer igual. Aquele que fica do cor de tua pele, corado e doce. Não se desfaça pois ainda não é chegada a hora. Responda essa carta! Pago o selo!